Aumento de Diagnósticos de HIV em Jovens em Goiás Gera Preocupações

Close up of pills on aids background
Dados do painel de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) mostram que quatro em cada dez pessoas diagnosticadas com HIV no estado em 2023 têm entre 15 e 29 anos. Isso representa 41% do total de 839 diagnósticos realizados no ano. Especialistas apontam comportamentos de risco, falta de educação em saúde e o distanciamento temporal dos primeiros casos da doença como fatores que contribuem para essa predominância.
Essa tendência se reflete no acumulado histórico, onde, considerando os 16,1 mil casos registrados entre 2010 e 2023, 51,2% deles são de pessoas com idades entre 15 e 29 anos. Pamella Wander, infectologista do Centro Estadual de Atenção Prolongada e Casa de Apoio Condomínio Solidariedade (Ceap-Sol), destaca que a pandemia da Covid-19 impactou na procura por testes e, consequentemente, nos diagnósticos, contribuindo para o vazio de notificações nos últimos anos.
Entre os fatores que colocam a população jovem em maior risco estão a menor adesão ao uso de preservativos, resultando em relações desprotegidas, e o uso mais comum de drogas, o que pode levar ao compartilhamento de seringas. Além disso, essa geração não vivenciou os primeiros casos de HIV nas décadas de 80 e 90, quando os tratamentos não eram eficazes e a doença tinha consequências devastadoras.
Wander enfatiza a importância da educação em saúde sexual, particularmente em escolas e universidades, para aumentar a conscientização sobre a prevenção do HIV e incentivar a testagem regular. O diagnóstico precoce é fundamental para minimizar os impactos no organismo.
Ela também destaca que, quando o tratamento do HIV é seguido adequadamente, o vírus se torna indetectável no organismo, o que significa que a pessoa não transmite mais a doença. Atualmente, os avanços na medicina estão levando ao desenvolvimento de tratamentos mais simples, como comprimidos únicos.
No caso de gestantes, o diagnóstico precoce é crucial para prevenir a transmissão do vírus para o bebê durante o parto. Medicamentos específicos são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir que o bebê seja protegido.
Para evitar a infecção pelo HIV, além do uso de preservativos e da não compartilhamento de seringas, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é uma opção para quem tem comportamentos de risco, como múltiplos parceiros sexuais. Os medicamentos são fornecidos pelo SUS. Após uma exposição, como uma relação sexual desprotegida, a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) pode ser realizada até 72 horas após a exposição.
A conscientização, o acesso a serviços de saúde e a educação continuam sendo ferramentas fundamentais na luta contra a disseminação do HIV, especialmente entre a população jovem.