Atlas da Violência revela "epidemia" de violência sexual contra meninas no Brasil - Jornal Momento Goiás
7 de dezembro de 2024

Atlas da Violência revela “epidemia” de violência sexual contra meninas no Brasil

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O Atlas da Violência, divulgado nesta terça-feira (18), alerta para uma preocupante “epidemia” de violência sexual contra meninas no Brasil. Segundo o relatório, entre as vítimas de zero a nove anos, 30,4% sofreram violência sexual em 2022, enquanto a negligência representou 37,9% dos casos. Os homens foram responsáveis por 86% desses crimes.

Este estudo, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em colaboração com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, tem sido publicado anualmente desde 2016 e serve como referência para estados e municípios monitorarem a evolução dos índices de violência.

A violência contra mulheres em números

De 2012 a 2022, foram assassinadas 48.289 mulheres no Brasil. Apenas em 2022, 3.806 mulheres foram vítimas de homicídio. Além disso, 221.240 meninas e mulheres sofreram algum tipo de agressão, sendo a maioria no ambiente doméstico, com 144.285 casos de violência doméstica.

A diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, uma das autoras do Atlas, destacou que “as mulheres brasileiras estão expostas à violência desde o nascimento até o fim de suas vidas”.

Trajetórias de violência

O relatório detalha que a violência sexual é predominante na faixa etária de 10 a 14 anos, com 49,6% dos registros no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

Na vida adulta, dos 15 aos 69 anos, a violência física é a mais comum. Para mulheres de 15 a 19 anos, 35,1% dos casos envolveram agressão física, percentual que aumenta para 49% entre aquelas de 20 a 24 anos, mantendo-se acima dos 40% até os 59 anos. Após os 70 anos, a negligência volta a ser a forma de violência mais frequente.

“Estamos falando de um ciclo ininterrupto de violência, que começa na infância com a negligência, evolui para a violência sexual na adolescência, e se manifesta como violência física na vida adulta, principalmente por parceiros. Na terceira idade, a mulher volta a ser negligenciada, desta vez pelos próprios filhos e parentes”, explica Samira Bueno.

Juventude assassinada

O Atlas da Violência também destaca o alarmante número de homicídios entre jovens de 15 a 29 anos, que representam 49,2% do total de homicídios no país em 2022. Foram 22.864 jovens mortos, uma média de 62 por dia, totalizando 321.466 jovens assassinados entre 2012 e 2022. Esse cenário resultou na perda de 15,2 milhões de anos potenciais de vida, calculados com base na idade das vítimas ao serem assassinadas.

Conclusão

O Atlas da Violência traz à tona dados alarmantes sobre a violência contra meninas e mulheres no Brasil, ressaltando a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para combater esse grave problema social.

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